A linguagem psiquiátrica define como transtorno obsessivo compulsivo quando certas ideias não cessam de aparecer involuntariamente, em geral as mesmas (as obsessões), e/ou a realização de atos, em geral repetições de um mesmo ato, que a pessoa sente necessidade de fazer (compulsões). Pode ter desde formas brandas, que pouco atrapalham a vida, ou ter uma intensidade tão grande que paralisa a vida da pessoa por completo.
O que a psicanálise tem a dizer sobre isto? Bom, em primeiro lugar é importante fazer uma diferença: a psicanálise não trabalha apenas com sinais e sintomas, vai pensar e trabalhar sobre o modo de funcionamento do ser humano.
Muitas vezes aquele que recebe um diagnóstico de transtorno obsessivo compulsivo sofre por não saber o porquê de seus atos e pensamentos, ou queixando-se de que suas explicações, bem fundamentadas com argumentos, não são aceitas ou compreendidas pelos outros. Em geral, a pessoa pressente que tem algo acontecendo, embora não saiba dizer como, nem porque (e às vezes nem o quê) está acontecendo. Há, em geral, algumas certezas às quais a pessoa se agarra e que muitas vezes a impede de prosseguir elaborando o que é angustiante, mas está fora de alcance.
Em um trabalho analítico, inicialmente, é preciso permitir que as dúvidas sobre o que está acontecendo sejam sustentadas enquanto dúvidas, para que a pessoa possa conseguir mover-se e ir atrás do que realmente a angustia, mas que está recalcado (termo da psicanálise para dizer que um conteúdo está fora de alcance, ou seja, inconsciente), e, portanto, a pessoa não tem acesso. Neste sentido, como bem observou Freud no caso clínico do Homem dos Ratos, se trata menos de ir atrás do sentido do sintoma, como se faz em geral em outros processos terapêuticos, e sim de inicialmente buscar as reais questões que afetam o analisando, para assim poder, num segundo momento, trabalhar com esta(s) ideia(s) angustiante(s).
Interrogar o sintoma, interrogar a si próprio e ao que acontece na própria vida é parte do trabalho que se faz na psicanálise.
Para concluir, lembre-se: não faça autodiagnostico. A coisa mais comum é a pessoa achar que tem algo, quando na verdade sua questão é outra. As aparências dos sinais e sintomas são pra lá de enganosas. Leia mais sobre isto aqui.