É comum que me procurem no consultório já com um diagnóstico na ponta da língua, dado por outro profissional da saúde ou pelo Dr. Google. Mas e aí, que fazer?
Sejam quais forem os sinais e sintomas daquilo que ganhou nome (o diagnóstico recebido ou achado), é importante que se tenha em mente uma coisa: ter uma clareza dos sintomas e sinais é apenas um início.
Pode até ajudar se servir para despertar questões como “E agora, que fazer?” ou “Mas o que significam estes sintomas? O que querem dizer de mim? Por que eu desenvolvi estes e não quaisquer outros sintomas?” ou pode ser algo aprisionador, que faz cessar quaisquer dúvidas ou até mesmo a responsabilidade pelos próprios atos, colocando-se tudo a cargo do tal do diagnóstico recebido.
No primeiro caso, de quem transforma o diagnóstico em questões, o querer-saber sobre si próprio pode ser uma fonte muito rica de motivação no processo terapêutico. Por outro lado, aqueles que nada querem saber, que tudo explicam sobre si pelo e através do diagnóstico, quando procuram um tratamento costumam ter mais dificuldades.
Neste sentido, pode ser interessante, aqui, fazer uma distinção entre culpa e responsabilização: culpa pressupõe que se ocasionou intencionalmente algo e que se deve expiar o ato cometido. Responsabilização, por sua vez, fala mais de uma pessoa que busca dar ela mesma um sentido às suas próprias ações e busca dar suas próprias respostas ao que lhe acontece. Da mesma forma que culpar alguém por seus sintomas é injusto, a desresponsabilização da pessoa sobre sua própria vida também é igualmente infrutífera e daninha. Ninguém escolhe sofrer, mas pode escolher pensar e trabalhar sobre si para mudar.
No fundo uma análise tem dois importantes elementos: o desejo de querer-saber do analisando e uma bússola que aponta em direção a autoria da própria pessoa sobre sua vida.
Tem uma citação que acho interessante de Jean Paul Sartre, famoso psicanalista francês: “O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós”.